Minha Cinderela: Rodgers & Hammerstein’s Cinderella


Ah, tardes maravilhosas em frente à TV, ligadinha no SBT... Saudades. Em uma dessas tardes, antes de ter idade com dois dígitos, assisti um filme baseado em um conto de fadas conhecido, protagonizado por uma negra e um asiático.

Eu era criança e não percebi nada disso. Para mim, era só mais um filminho legal de princesa onde todo mundo cantava do nada, mas, recentemente, me deparei com um gifset desta obra e percebi o quão maravilhosa ela era, principalmente quando levamos em conta que já tem quase duas décadas.

Estamos falando de Rodgers & Hammerstein’s Cinderella, versão musical de uma das princesas mais conhecidas da Disney, lançado em 1997, que teve Whitney Houston como uma de suas produtoras (e também a melhor Fada-Madrinha que Cindy já teve).

Esta é minha Cinderela. É quem me vem a mente quando alguém menciona a princesa que perdeu o sapatinho, pois não cheguei a assistir a versão animada muitas vezes e também ainda não me dei o trabalho de assistir o último live-action por motivos que só um ret-con na vida explicaria (ou seja: nenhum).


Cinderela é uma linda garota que é atormentada por sua madrasta e suas meio-irmãs invejosas. Seu grande sonho é ir ao baile para dançar com o príncipe Christopher, algo aparentemente impossível, mas, como coisas impossíveis acontecem todos os dias, seu desejo é realizado por sua Fada-Madrinha. Ao sair do baile às pressas para não ser vista com o encanto desfeito, perde seu sapatinho de cristal na escadaria do palácio. O príncipe, apaixonado, decide encontrar a dona daquele sapatinho, mesmo que tenha que percorrer todo o seu reino.
Cinderella (1997) nos trouxe Brandy Norwood como Cinderela e Paolo Montalbán, um ator e cantor filipino-estadunidense, como Christopher; sendo a primeira a apresentar uma afro-estadunidense como protagonista, e também a primeira aparição de um casal multirracial no musical de Rodgers & Hammerstein.

O filme seria estrelado por Whitney Houston e a produção começaria em 1995, mas cantora tinha vários compromissos e adiou o projeto. Quando, finalmente, pode focar-se nele, Houston disse que já havia engravidado, atingido certa idade e não se sentia mais como uma Cinderela. Dessa forma, convidou Brandy para substituí-la, mas esta só aceitaria caso Houston interpretasse a Fada-Madrinha e, assim, os papeis foram definidos.


Outros nomes conhecidos podem ser vistos, como Whoopi Goldberg, que interpretou rainha Constantina; e Victor Garber, como rei Maximilian. Considerando a aparência dos dois – uma negra e um branco , desenvolvi um headcanon em que o príncipe Christopher é adotado, porque sou dessas e acho adoção uma das coisas mais lindas da face da Terra.

Tem várias cenas que valem a pena ser mencionadas neste filme, mas uma das minha favoritas é quando Cinderela e Christopher conversam sem a moça saber com quem estava falando. Quando o príncipe declara que uma garota deve ser tratada como uma princesa, Cinderela diz que ele está errado, pois garotas devem ser tratadas como pessoas, com gentileza e respeito.

Christopher se impressiona com a resposta e diz a Cinderela que ela não é como as outras garotas. Mais uma vez ela reage de forma inesperada, tomando as palavras do rapaz como uma ofensa e não pensando duas vezes antes de perguntar o que ele queria dizer com aquilo.



Senti-me representada, já que nunca vou entender porque usam essa frase como elogio. Isso me lembra de uma vez em que um cara me viu escrever em inglês no celular e perguntou se eu era amazonense, porque eu “era muito bonita”. Hein!? Ofende todo o meu gênero (qual é o o problema com as outras garotas?) ou minhas conterrâneas (como assim bonita demais para ser amazonense?) e eu devo me sentir lisonjeada?


Também gosto do fato de a madrasta não ser malvada porque sim. Na canção Falling in Love with Love descobrimos que ela se tornou amarga em razão de uma experiência ruim com o amor. Em A Lovely Night, ela chega a se empolgar com suas filhas e enteada falando sobre o baile, mas quando Cinderela faz um gesto normalmente feito por homens, ela parece lembrar-se de algo e imediatamente muda de postura.

Vocês podem conferir os dois momentos – assim como vários outros – na playlist abaixo e lembrarem-se da época em que a Disney fazia musicais com gente que realmente sabia cantar.



Um fato interessante é que este filme foi feito para ser lançado diretamente na TV e, durante sua primeira exibição, foi assistido por mais de 60 milhões de telespectadores, se tornando o musical mais assistido em muitos, muitos anos.

E vocês? Já conheciam a Cinderela de Brandy? Qual versão vem a mente de vocês quando pensam nessa princesa?
 
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